A escolha do caminho a seguir para o tratamento do TDAH é um momento muito importante e requer da família um posicionamento diante das diferentes opções disponíveis.

Alguns pais vêm me contar que se sentem perdidos e confusos diante dos profissionais que atendem seus filhos, pois não entendem muito bem o que é dito e com isso ficam na dúvida se aquele tratamento realmente irá trazer benefícios.

Quanto mais os pais e responsáveis souberem a respeito do TDAH, mais bem preparados estarão para decidir o caminho correto a seguir com seu filho.

Diante de tantas opções de tratamento, os pais precisam verificar quais possuem evidências científicas, ou seja, quais tratamentos tem seus resultados comprovados cientificamente, para não perderem tempo e dinheiro com tratamentos que não garantem resultado.

Assim como o diagnóstico, o tratamento do TDAH deve seguir uma linha multidisciplinar, que envolve principalmente o médico (neurologista ou psiquiatra) e o psicólogo comportamental.

Além desses, outros profissionais podem estar associados ao tratamento, caso seja necessário. Por exemplo: psicopedagogo, fonoaudiólogo, psicomotricista e terapeuta ocupacional.

É importante ressaltar, que os pais e responsáveis devem buscar referência desses profissionais, optando por aqueles que tenham conhecimento e experiência com o TDAH.

As pesquisas atuais apontam que a medicação associada à psicoterapia cognitivo-comportamental são as estratégias mais eficazes no tratamento, atingindo 68% de eficácia:

- Somente psicoterapia cognitivo-comportamental – 34% de eficácia.

- Somente medicação – 56% de eficácia.

- Medicação + terapia cognitivo-comportamental – 68% de eficácia.

MEDICAÇÃO

A medicação no tratamento do TDAH é indicada para regular os neurotransmissores que estão em níveis abaixo do esperado para o bom funcionamento do cérebro, sendo eles:

- Dopamina: sua função é ativar os circuitos de recompensa, que nos faz iniciar e manter engajados nas atividades até o fim.

- Noradrenalina: age no sistema nervoso central, regulando o sono, as emoções e faz relação com o processo cognitivo de aprendizagem, pois mexe com a criatividade e a memória.

- Serotonina: basicamente atua na regulação do humor. Os baixos níveis desse neurotransmissor causam mau humor, dificuldade para dormir, ansiedade ou até mesmo a depressão.

Com a regulação desses neurotransmissores, a pessoa com o TDAH passa a ter os seguintes benefícios:

• Melhora a impulsividade, hiperatividade e agressividade.
• Aumenta o nível de atenção.
• Melhora a qualidade das relações interpessoais.
• Aumenta o engajamento em atividades de grande esforço mental.

TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL

Dentre as intervenções voltadas para o tratamento do TDAH, podemos destacar a terapia cognitivo-comportamental como sendo uma das mais importantes, pois contribui para o desenvolvimento de habilidades sociais e da autonomia do indivíduo, além de ajudá-lo a gerenciar suas emoções.

A família também deve ser incluída nesse processo, através de orientações relacionadas ao manejo de comportamentos e desenvolvimento de estratégias para entender e lidar melhor com seu filho no dia a dia, ajudando-o a superar as suas dificuldades.

INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA

O psicopedagogo costuma ser um profissional muito presente no tratamento do TDAH, pois é comum o surgimento de dificuldades na aprendizagem devido à falta de atenção e dificuldade de concentração. Outro motivo é o fato de 20-30% apresentarem transtornos de aprendizagem associados ao TDAH (dislexia, discalculia, disgrafia ou disortografia).

A intervenção psicopedagógica tem como papel:

• Intervir nas lacunas de conteúdo, principalmente as relacionadas à alfabetização.
• Auxiliar a criar estratégias que facilitem a sua aprendizagem.
• Desenvolver estratégias para superação das dificuldades atencionais nos processos escolares.
• Dialogar e orientar a escola e os pais para que possam entender e apoiar a criança no dia a dia, buscando motivação para os processos de aprendizagem.
• Estruturar junto à família, rotinas educativas funcionais e saudáveis, que vão contribuir no desenvolvimento de habilidades importantes para a criança.
• Estruturar uma mentoria de estudos, que busque desenvolver hábitos de estudos, autonomia e o "aprender a aprender".